Há muito se sabe sobre os diversos benefícios do exercício físico para a promoção da saúde. Inicialmente foram muito estudados os seus efeitos sobre o sistema cardiovascular, reduzindo drasticamente as taxas de doenças cardíacas, especialmente os infartos (do miocárdio) e os AVCs (acidentes vasculares cerebrais). Também ficou estabelecido o seu papel fundamental como auxiliar no controle da hipertensão arterial sistêmica (pressão alta).
Paralelamente a isso, acumulam-se incontáveis evidências sobre a importância da atividade física orientada sobre o metabolismo energético, desde a melhora da função absortiva intestinal até a sua ação direta no metabolismo dos carboidratos controlando os níveis de glicose no sangue (prevenção e controle do diabetes), no metabolismo das gorduras, melhorando o perfil lipídico (níveis de colesterol e triglicerídeos) e ajudando no controle de peso (prevenção e tratamento da obesidade, doença fortemente relacionada não somente a doenças cardíacas e metabólicas, como, também, a diversos tipos de câncer).

O que há de novo, porém, é a importância do exercício físico no tratamento do câncer; inúmeros estudos com o mais alto nível de evidência científica têm mostrado que determinadas atividades físicas, realizadas durante o tratamento, não só melhoram o bem-estar, mas a fadiga e a performance em geral como, também, podem reduzir a taxa de mortalidade, para casos específicos, em até 30%.
São resultados realmente incríveis que fazem do exercício físico não apenas uma recomendação, mas uma prescrição médica durante o tratamento oncológico.
Os efeitos sistêmicos do exercício são muito amplos, incluindo, além da regulação metabólica de gorduras e de carboidratos, influência marcante sobre a função imunológica, sobre a inflamação, sobre os níveis hormonais, sobre o stress oxidativo (produção de radicais livres) e até sobre a instabilidade genômica (efeitos epigenéticos).

Na última década, concomitantemente ao aumento do número de casos novos de câncer, tivemos uma redução proporcional significativa de mortes pela doença (em torno de 27% nos Estados Unidos, país que tem hoje mais de 15 milhões de pessoas que sobreviveram ao câncer, número que deverá dobrar até 2040). Isto se deve não somente às novas formas de tratamento, mas também aos avanços dos meios de diagnóstico, que detectam os tumores em fases mais iniciais, aumentando consideravelmente as chances de cura.
As mais recentes pesquisas nos mostram que a prática de exercícios é segura e benéfica durante e após o tratamento, reduzindo os impactos negativos causados, não só pela doença, mas também pelo próprio tratamento. A prescrição do exercício irá depender de vários fatores, como: idade, doenças e limitações físicas associadas, condicionamento físico prévio, tipo, local e estadiamento do tumor e tratamento proposto.

Durante o tratamento do câncer, um dos principais sintomas é a fadiga, que, em algumas situações pode se tornar incapacitante, fazendo, frequentemente, com que o próprio plano terapêutico precise ser modificado para ser tolerado. Mesmo após o fim do tratamento, a fadiga pode persistir por longos períodos; por estas razões, é hoje uma das maiores prioridades nos estudos do Instituto Nacional do Câncer nos Estados Unidos (NCI). Um grande trabalho recente com o mais forte nível de evidência (revisão sistemática com meta-análise) analisou 113 estudos randomizados com um total de 11.525 pacientes (78% mulheres e 22% homens) mostrou que o exercício físico orientado foi a intervenção mais efetiva no manejo da fadiga relacionada ao câncer, superando significativamente qualquer tratamento farmacológico. Este é um resultado muito forte que coloca o exercício físico como a primeira opção de manejo da fadiga durante e após o tratamento oncológico.

Após o tratamento, manter-se fisicamente ativo também é extremamente importante. Os músculos são considerados atualmente um órgão não apenas funcional, mas endócrino. Isto porque produzem irisina, um hormônio sensibilizador da insulina que otimiza a utilização da glicose sanguínea e de glicogênio hepático, tendo efeitos positivos também no metabolismo lipídico. Os níveis de hormônios regulados pelo exercício físico repercutem tanto no controle metabólico como no risco de novos tumores. Estudos atuais sugerem que pacientes que tiveram câncer de mama, próstata, endométrio, bexiga e intestino, dentre outros, têm maior sobrevida e menor chance de recorrência mantendo-se fisicamente ativos.

O nosso protocolo de exercícios foi cuidadosamente construído de maneira interdisciplinar com o propósito de otimizar resultados através da soma das informações mais relevantes dos melhores estudos que existem nesta área.
O tipo de atividade, a intensidade de execução a frequência semanal, tudo é elaborado com muito carinho, dedicação e profundo conhecimento, cuidados imprescindíveis para a nossa equipe.
Sabemos que o conforto e a segurança também são especialmente importantes durante o período de tratamento, momento no qual o comprometimento do sistema imunológico e a fadiga tornam-se fatores limitantes para frequentar ambientes compartilhados para a prática das atividades físicas.
Por isso desenvolvemos um sistema completamente online, no qual a nossa equipe de educadores físicos conduz ao vivo as sessões de exercícios orientados; um programa especialmente construído para extrair o máximo de benefício, visando especificamente o tratamento oncológico.